domingo, 13 de abril de 2014

A cereja do bolo

"Para além das ideias de certo e errado existe um campo.
Eu me encontrarei com você lá."
- Rumi

Estou há semanas enrolando para escrever essa postagem.
Pensei nela como a última sobre os temas vividos no Guerreiros Sem Armas, e que fosse a última exatamente para ser a cereja do meu bolo.
Queria um momento de inspiração extraordinária. Até escrevi na minha agenda "- escrever texto espetacular sobre aquilo que deve ser nomeado", mas ah, esse momento de inspiração extraordinária não chegará enquanto eu não começar.

Enfim, parou essa varrida no terreno chamada enrolação e, mesmo que eu não saiba direito o que dizer aqui ainda, sinto esse tema tão vivo e engasgado em mim que preciso compartilhar, nem que seja o título: 

Comunicação Não-Violenta (!)

No início do programa vi o cronograma dos 32 dias e esperei ansiosamente por muitas das atividades, principalmente aquelas que já tinha ouvido falar, Oasis e jogos indígenas, por exemplo. 
Quando li "CNV" no meio da programação nem dei bola, siglas normalmente não me atraem e, afinal de contas, era apenas um dia de atividade, passaria rápido e não me marcaria.
Tsc tsc...tadinha. 
Fui sem expectativas, mas independente disso, a oficina em CNV se mostrou umas das melhores coisas de que já ouvi falar! 

Não vou discorrer detalhes sobre o que fizemos nessa oficina, mas sei lá, com alguns links e trechos de textos quero introduzir humildemente o tema para quem não conhece, indicar que PRATIQUEM e, para quem se interessar, busquem mais a respeito (como eu tenho feito), e que assim possamos conversar mais sobre o assunto.




A ''Comunicação Não-Violenta'' (CNV) é um processo de pesquisa contínua desenvolvido por Marshall Rosenberg e uma equipe internacional de colegas, que apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatiaEnfatiza a importância de determinar ações a base de valores comuns. Quando usada como guia na co-construção de acordos a CNV pode tomar a forma de uma série de distinções, entre as quais:
  • Distinção entre observações e juízos de valor
  • Distinção entre sentimentos e opiniões
  • Distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias
  • Distinção entre pedidos e exigências/ameaças
Uma comunicação à base destas distinções tende a evitar dinâmicas classificatórias, dominatórias e desresponsabilizantes, que rotulem ou enquadrem os interlocutores ou terceiros.
A CNV enxerga uma continuidade entre as esferas pessoal, inter-pessoal e social, e proporciona formas práticas de intervir nelas. 


A definição de Comunicação Não-Violenta(CNV) nos diz que ela:
“…é baseada nos princípios da não-violência – o estado natural de compaixão quando a não-violência está presente no coração.
CNV começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante.
CNV também assume que todos compartilham o mesmo, necessidades humanas básicas, e que cada uma de nossas ações é uma estratégia para atender a uma ou mais dessas necessidades.” http://www.cnvc.org/
“A não-violência significa permitirmos que venha à tona aquilo que existe de positivo em nós e que sejamos dominados pelo amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão e preocupação com os outros em vez de sermos pelas atitudes egocêntricas, egoístas, gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e agressivas que costumam dominar nosso pensamento. (…) O mundo em que vivemos é aquilo que fazemos dele” - Arun Gandhi (neto de Gandhi e fundador do Instituto Gandhi pela Não-violência)

Os quatro componentes da comunicação não-violenta
1. Como se expressar com honestidade
1.1. Observar: de maneira descritiva e não julgadora
1.2. Sentimento: como nos sentimos em relação ao que estamos observando?
1.3. Necessidades: quais valores e desejos geram nossos sentimentos?
1.4. Pedidos: claros e específicos
“Não quero que grite” é um não-pedido. Seria melhor pedir “que fale num tom mais baixo”.
2. Como ajudar os outros e ouvir com verdadeira empatia
“Uma mensagem difícil é uma oportunidade de enriquecer a vida de alguém.” –Marshall Rosenberg
3. Compaixão consigo mesmo
4. Raiva
“As pessoas que parecem monstros são apenas seres humanos cuja linguagem e comportamento às vezes nos impedem de perceber sua natureza humana.” –Marshall Rosenberg

“O que almejo em minha vida é compaixão, um fluxo entre mim e os outros com base numa entrega mútua, do fundo do coração.” 
– Marshall Rosenberg



Sempre acreditei que os grandes males do mundo tem origem na comunicação falha/ausente, e perceber que mais gente pensa igual, e mais, estudam profundamente o tema, foi inspirador. 
Durante essa vivência comecei a ouvir e distinguir melhor as vozes dentro de mim, dialogando com ao invés de aceitar ou ignorar totalmente seus conselhos. E a partir do momento em que a gente aprende a se escutar fica mais fácil escutar as vozes internas do outro, os pedidos belos ou brutos de "por favor", e começar a ouvir dessa forma torna a conversa mais leve pois paramos de levar o que escutamos pro lado pessoal. 
É algo simples e parece até óbvio, mas tomar consciência disso me deixou em êxtase. 
Claro que esse é só o começo de uma jornada acompanhada de gente e empatia, desde que voltei já usei minha escuta ativa algumas vezes e foi delicioso, assim como também tive discussões grosseiras (temperadas de TPM) com pessoas queridas e dormi mal por isso.
Mas errar faz parte, aprender com os erros é útil, perdoá-los é sábio e aprender a se perdoar é fundamental!        

Equipe Elos e Flávia Fassi (poderosa!), obrigada por introduzir a CNV na minha vida!

Boa semana,
Mariana




Um comentário:

  1. Desde que você me falou da CNV, essa tem sido minha meta mais árdua. Mas vai dai que um dia o mundo melhora!

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